Neste
dia, a Igreja não celebra a Eucaristia que é substituída pela Celebração da
Paixão do Senhor, na qual contemplamos o mistério da cruz. Esta celebração é
constituída por três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Santa Cruz e
Sagrada Comunhão. Apesar do Missal Romano (p. 251, nº 3) sugerir que esta
celebração seja feita por volta das 15 horas, podemos escolher uma outra hora
mais tardia.
Este
dia decorre à volta da cruz, ou seja, tem a cruz como centro. Porém, não
devemos apresentar a cruz como o lugar do suplício, da dor, mas como o lugar da
vitória de Cristo. Com a cruz, a Igreja proclama a vitória de Jesus Cristo
sobre a morte, o triunfo do seu amor. Por isso, a cruz converteu-se no sinal da
nossa redenção. Nesta celebração, a cruz é apresentada de uma forma triunfante,
gloriosa. Em cada uma das três partes da celebração, contempla-se a cruz, o
Crucificado, em diferentes perspectivas. Na liturgia da palavra, a paixão e a
crucificação são anunciadas nas leituras, explicadas na homilia e invocadas na
oração universal dos fiéis. Na adoração da cruz, a paixão e a crucificação são
veneradas. Finalmente, na comunhão recebemos, no pão consagrado, o corpo do
crucificado. Depois de terminar a celebração, a cruz deveria ficar num lugar
bem visível, se possível, com alguma iluminação especial ou com velas acesas e
ficar a igreja aberta para que as pessoas possam entrar e rezar.
A
celebração deste dia deve ser muito simples. Estão ausentes muitos dos
habituais sinais litúrgicos: o altar está despido: sem cruz, sem candelabros,
sem toalhas; não há flores a ornamentar a igreja; o órgão ou outros
instrumentos só tocarão para sustentar o canto; as campainhas e os sinos estão
em silêncio; os ritos iniciais são muito sóbrios; na proclamação do evangelho
não se utilizam todos os elementos festivos que solenizam este momento; a
procissão para trasladar a Reserva Eucarística do lugar onde se colocou na
quinta-feira Santa para o altar é muito simples; a saída faz-se em profundo
silêncio. Assim se manifesta a tristeza e a dor pela morte de Cristo e, também,
se evita qualquer tipo de distracção que perturbe a concentração no mistério
que se celebra: a morte do Senhor. Esta austeridade e sobriedade serve, também,
para criar um claro contraste com a Vigília Pascal que se caracteriza por ser
extraordinariamente alegre e festiva.
Se
em todas as celebrações se deve preparar muito bem a proclamação dos textos
bíblicos, esta não foge à regra. Que seja feita uma preparação muito cuidada
para se conseguir o clima de oração e de contemplação que é próprio da
celebração deste dia. O evangelho pode ser intercalado com breves cânticos para
que a leitura deste longo relato da paixão não seja monótona e assim se mantenha
a atenção da assembleia. Hoje, a oração universal é riquíssima pela sua forma e
pelo seu conteúdo. Por um lado, poderíamos dizer que é mais universal que nunca
e, por outro, segue o primitivo esquema da liturgia romana. Seria bom que se
fizesse um breve momento de silêncio entre o convite à oração, que não deve ser
dito pelo presidente, e a oração conclusiva de cada petição.
O
Missal apresenta duas formas de introduzir a cruz na igreja e de a apresentar
aos fiéis. A primeira forma é entrar com a cruz coberta até ao altar e ir
destapando-a. A segunda forma é entrar com a cruz descoberta e fazer três
paragens: na porta, no meio da igreja e antes de subir para o presbitério. Esta
segunda opção é a mais expressiva pela ligação com a Vigília Pascal e com
Cristo Ressuscitado. Manifesta-se, assim, a unidade e a continuidade destas
duas celebrações, porque nos três lugares onde na sexta-feira Santa se mostra
Cristo Crucificado, na Vigília Pascal apresenta-se o círio pascal, sinal de
Cristo ressuscitado. O crucificado é o ressuscitado e vice-versa. Ainda que se
transforme num longo momento, cada um deverá venerar individualmente a cruz
para reconhecer pessoalmente que o crucificado é o Senhor.
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